COMO SE COMPORTAR FRENTE A UMA PESSOA COM DEFICIÊNCIA

1. APRESENTAÇÃO:

Este manual foi elaborado com o objetivo de informar e orientar a todos, de como podemos nos comportar frente a uma pessoa com deficiência no dia a dia, trazendo de forma simples e agradável dicas de convivência. Ao ler este manual, você descobrirá que não há mistérios e nem barreiras para se relacionar com pessoas com deficiência, basta respeitar suas condições de acordo com suas especificidades.
É importante saber que em qualquer sociedade as pessoas com deficiência possuem os mesmos direitos de acesso aos bens sociais, sem distinção. Se entendermos que antes da deficiência estamos nos relacionando com seres humanos, fica bem mais fácil convivermos de maneira harmônica e, nunca devemos esquecer, que a tolerância e o conhecimento eliminam o preconceito.

2. DEFICIÊNCIA FÍSICA

Se a pessoa usar uma cadeira de rodas, é importante se posicionar à frente dela para conversar, pois é incômodo ficar olhando para o lado. Se a conversa for demorar mais tempo do que alguns minutos, se for possível, lembre-se de sentar, para que você e ela fiquem com os olhos num mesmo nível, pois é desconfortável ficar olhando para cima.
A cadeira de rodas (assim como as bengalas e muletas) é parte do espaço corporal da pessoa, quase uma extensão do seu corpo. Agarrar ou apoiar-se na cadeira de rodas é como agarrar ou apoiar-se numa pessoa sentada numa cadeira comum. Isso muitas vezes é simpático, se vocês forem amigos, mas não deve ser feito se vocês não se conhecem. Nunca movimente a cadeira de rodas sem antes pedir permissão para a pessoa. Empurrar uma pessoa em cadeira de rodas não é como empurrar um carrinho de supermercado. Quando estiver empurrando uma pessoa sentada numa cadeira de rodas, e parar para conversar com alguém, lembre-se de virar a cadeira de frente, para que a pessoa também possa participar da conversa.
Ao empurrar uma pessoa em cadeira de rodas, faça-o com cuidado. Preste atenção para não bater nas pessoas que caminham à frente. Para subir degraus, incline a cadeira para trás para levantar as rodinhas da frente e apoiá-las sobre a elevação. Para descer um degrau, é mais seguro fazê-lo de marcha à ré, sempre apoiando para que a descida seja sem solavancos. Para subir ou descer mais de um degrau em seqüência, será melhor pedir a ajuda de mais uma pessoa. Também é mais aconselhável descer de ré as rampas muito inclinadas, para impedir que aquelas pessoas que não têm um bom controle de tronco caiam da cadeira.
Se você estiver acompanhando uma pessoa deficiente que anda devagar, com auxílio ou não de aparelhos ou bengalas, procure acompanhar o passo dela. Mantenha as muletas ou bengalas sempre próximas à pessoa com deficiência. Se achar que ela está em dificuldades, ofereça ajuda e, caso seja aceita, pergunte como deve fazê-lo. As pessoas têm suas técnicas pessoais para subir escadas, por exemplo, e, às vezes, uma tentativa de ajuda inadequada pode até mesmo atrapalhar. Outras vezes, a ajuda é essencial. Pergunte e saberá como agir e não se ofenda se a ajuda for recusada.
Se você presenciar um tombo de uma pessoa com deficiência, ofereça ajuda imediatamente. Mas nunca ajude sem perguntar se e como deve fazê-lo. Esteja atento para a existência de barreiras arquitetônicas quando for escolher uma casa, restaurante, teatro ou qualquer outro local que queira visitar com uma pessoa com deficiência física. Nunca estacione numa vaga reservada para pessoas com deficiência. Essas vagas, demarcadas com o Símbolo Internacional de Acesso (um desenho de cadeira de rodas pintado na cor branca sobre um fundo azul), geralmente, são mais largas para permitir que a pessoa se aproxime do veículo e possa fazer a transferência da cadeira de rodas para o banco do carro e vice-versa. Nunca estacione em guias rebaixadas, nem sobre a calçada.
Pessoas com paralisia cerebral podem ter dificuldades para andar, podem fazer movimentos involuntários com pernas e braços e podem apresentar expressões estranhas no rosto. Não se intimide com isso. São pessoas comuns como você. Geralmente, têm inteligência normal ou, às vezes, até acima da média. Se a pessoa tiver dificuldade na fala e você não compreender imediatamente o que ela está dizendo, peça para que repita. A paralisia cerebral impõe necessidades específicas por isso é muito importante respeitar o ritmo da pessoa. Geralmente necessita de mais tempo naquilo que faz, como andar, falar, pegar as coisas, etc. Tenha paciência ao ouvi-lo, pois a grande maioria tem dificuldade na fala. Muitas pessoas confundem esta dificuldade e seu ritmo lento com a deficiência mental. Nunca trate a pessoa com paralisia cerebral como criança ou incapaz. Lembre-se a pessoa com paralisia cerebral não é portador de uma doença grave, contagiosa. A paralisia cerebral é fruto de uma lesão cerebral ocasionada antes, durante ou após o nascimento, causando desordem sobre os controle dos músculos do corpo. Não se acanhe em usar palavras como “andar” e “correr”. As pessoas com deficiência física empregam naturalmente essas mesmas palavras. Trate a pessoa com deficiência com a mesma consideração, respeito e naturalidade que você usa com as demais pessoas.

3. DEFICIÊNCIA MENTAL

A pessoa com deficiência mental leva mais tempo para aprender e compreender solicitações. Tenha paciência. Favoreça sua inclusão, estimulando-a a cooperar, interagir, relacionar-se, reforçando as respostas e posturas positivas. Respeite o ritmo de fala, de trabalhos e de aprendizagem da pessoa com deficiência mental.

Deve-se falar de maneira e com ritmo adequado (nem muito rápido e nem muito lento), sem o uso de palavras no diminutivo para que a fala não seja infantilizada. Dê-lhe mais tempo para responder, fazendo uma pergunta de cada vez, utilizando instruções claras e simples.
Ao solicitar algo que a pessoa com deficiência mental não consiga fazer, dê-lhe o modelo, primeiramente, certificando-se sempre que a mesma compreendeu. Evite a superproteção. Permita que a pessoa com deficiência mental faça ou tente fazer sozinha tudo o que puder. Auxilie apenas quando for realmente necessário.
A obediência às regras sociais também devem ser solicitadas às pessoas com deficiência mental. Todo e qualquer comportamento ou condutas inadequadas devem ser trabalhados e orientados de imediato com postura firme e clara. As pessoas com deficiência mental, sentem raiva, tristeza, desejos como qualquer pessoa. A pessoa com deficiência mental perdida na rua pode ficar muito nervosa e não conseguir se identificar. Acalme-a primeiramente e faça perguntas simples para auxiliar sua identificação. Pergunte também se a pessoa não possui algum cartão/carteirinha de identificação. Chame a pessoa com deficiência mental pelo nome e não pelo seu quadro clínico ou deficiência, como por exemplo: “Esse é o João!”.

ESCLARECIMENTOS ADICIONAIS:

O que é Epilepsia?

As epilepsias são condições físicas, singulares, que ocorrem quando surgem, inesperadamente, mudanças breves e repentinas no funcionamento bio-elétrico do cérebro. Para fins de compreensão e desmistificação comparemos uma crise (ou ‘ataque’) epiléptico a um “curto circuito” momentâneo que afeta nossas células nervosas, como parte de uma disfunção do Sistema Nervoso Central, podendo ocorrer uma perda de consciência momentânea, acompanhada de outros distúrbios (como os abalos musculares, movimentos bruscos, perda do equilíbrio corporal, alterações dos movimentos e das ações de uma pessoa, na dependência do tipo de epilepsia que o acomete). AS EPILEPSIAS PODEM ATINGIR QUALQUER PESSOA, INDEPENDENTEMENTE DE SUA RAÇA, IDADE OU NACIONALIDADE.

COMO RECONHECER E O QUE FAZER?

Como reconhecer uma crise: Existem alguns sinais associados ou não, que sugerem uma crise epiléptica. Um bebê ou criança estando sentada tranqüilamente cai subitamente para frente e bate a cabeça;
Quedas súbitas sem razão aparente;
Revira os olhos e pisca com muita freqüência;
Age como se estivesse bêbada ou sonolenta (sem estar de verdade);
Movimenta braços e pernas sem conseguir parar;
Cai subitamente e fica rangendo os dentes;
Fica estremecendo o corpo todo.

O que fazer durante uma crise?

Manter a calma, afastar os objetos que possam machucar a pessoa;
Deitar a pessoa em um local quando possível;
Colocar algo suave embaixo da cabeça: uma blusa ou as mãos;
Virar suavemente a cabeça da pessoa para o lado, de maneira que a saliva escorra e não impeça a respiração;
Não tente introduzir nenhum objeto na boca da pessoa, (pode quebrar os dentes) a pessoa não vai engolir a língua, ela está presa no fundo da boca;
Não tente segurar a pessoa em crise, para controlar os tremores do corpo;
Não jogue água e nem ofereça nada para a pessoa beber, comer ou cheirar no momento da crise;
Permanecer ao lado da pessoa até terminar a crise;
Em alguns casos após a crise epiléptica a pessoa pode dormir, não tentar acordá-la. Esperar pacientemente;
Após a crise, ofereça ajuda e caso seja aceita, pergunte como deve fazê-lo.

4. DEFICIÊNTE SURDO/CEGO

Observe como a pessoa que está acompanhando a pessoa surdocega se comunica com ela.
Se possível, identifique um meio de comunicação preferido pela pessoa surdocega antes de iniciar o contato. Fazendo isso, você terá importantes informações de como utilizar as formas de comunicação; por ex: em letras grandes (escrita ampliada), através do computador e outras técnicas.
Quando se aproximar de uma pessoa surdocega, permita que ela perceba que você está perto dela, com um toque simples em sua mão.
Informe-a sempre que sair de perto dela, mesmo que seja por um período de tempo curto.
Se você escutar uma pessoa surdocega fala, não suponha que ela possuí audição para ouvir sua voz, aproxime-se dela.
Se você observou que uma pessoa surdocega está lendo algo impresso, você pode escrever em letra de forma e com caneta hidrográfica preta ou azul escura no papel branco ou amarelo (para ter contraste) para se comunicar com ela.
Observe como o guia-intérprete utiliza a LIBRAS com a pessoa surdocega. É importante notar a distância entre essas pessoas para a comunicação. A pessoa surdocega pode precisar que a LIBRAS seja feita no seu campo visual.
Quando caminharem deixe que a pessoa surdocega segure o seu braço ou coloque a mão dela no seu ombro. Nunca a empurre à sua frente.
Quando se aproximar de uma pessoa surdocega, acompanhada de seu guia-intérprete, primeiro informe o guia que você deseja comunicar-se com ela.

5. DEFICIÊNCIA MÚLTIPLA

Observe quais as deficiências que esta pessoa possui ou pergunte a quem a acompanhe.

Se esta pessoa tem deficiência física ou paralisia cerebral associada a outra (s) deficiência (s), siga as orientações do manual de deficiência física e paralisia cerebral.
Se esta pessoa tem deficiência auditiva com outra (s) deficiência (s) associada (s) procure observar qual sua forma de comunicação.
Se esta pessoa tem deficiência visual com outra (s) deficiência (s) associada (s), siga orientações do manual de deficiência visual.
Se esta pessoa tem surdocegueira com outra (s) deficiência (s) associada (s), procure observar qual sua forma de comunicação e siga as orientações do manual de surdocegueira.
Devido às diferentes associações das deficiências, a pessoa com deficiência múltipla tem sempre com eles identificação como endereços e telefones para contatos.

6. DEFICIÊNCIA AUDITIVA / SURDÊZ

Evite a expressão surdo-mudo, utilize apenas a palavra surdo. Saiba que ele pode se comunicar seja através da fala ou língua de sinais.
Quando quiser falar com uma pessoa com deficiência auditiva/surda, acene para ela ou toque em seu braço levemente.
De frente para a pessoa com deficiência auditiva/surda fale normal e pausadamente. Evite desviar o olhar por muito tempo.
A expressão facial é fundamental na comunicação com a pessoa com deficiência auditiva/surda, evite que algo dificulte a visualização de seu rosto.
Se você souber a língua brasileira de sinais (libras), tente usá-la. Caso contrário tente fazer gestos, mímicas ou utilize os recursos visuais ou escrita.
Se tiver dificuldade para compreender o que a pessoa com deficiência auditiva/surda está dizendo, sinta-se a vontade para pedir que repita. Caso seja necessário comunique-se através de bilhete, o que importa é comunicar-se.
Quando a pessoa com deficiência auditiva/surda estiver acompanhada, dirija-se à ela.
Caso seja necessário alguma mudança na sua forma de se expressar a pessoa com deficiência auditiva/surda informará.
Em situações de emergência, não fique nervoso: normalmente as pessoas com deficiência auditiva/surdas têm consigo o endereço escrito de sua residência e telefone para contato.
Quando houver evento em lugares públicos, providencie um(a) interprete da língua brasileira de sinais.

ESCLARECIMENTOS ADICIONAIS

Telefone para Surdos: TS significa Telefone para Surdos – é um aparelho próprio para se comunicar por meio de mensagens escritas, destinado para as pessoas surdas ou deficientes auditivos e da fala. Isso facilita a comunicação entre surdos e ouvintes.
Este aparelho é composto por um visor de legenda, onde é possível ler as mensagens enviadas / recebidas e teclado alfa numérico, onde se digita para enviar as mensagens conectado através da linha telefônica instalado em lugares públicos.
O aparelho permite uma comunicação mais confortável entre os surdos do mundo sem que eles precisem pedir a ajuda de outros ouvintes.

7. DEFICIÊNCIA VISUAL

Se você andar com uma pessoa deficiente visual, deixe que ela segure em seu braço. Não empurre-a e nunca puxe-a pela bengala: pelo movimento de seu corpo, ela saberá o que fazer.
Se você for auxiliar a pessoa deficiente visual a atravessar a rua, pergunte-lhe antes se ela necessita de ajuda e, em caso positivo, pergunte a direção, ela poderá perder a orientação.
Se você for orientá-la, dê direções do modo mais claro possível, tenha a posição do deficiente visual como referência. Use os termos direita ou esquerda, em frente ou atrás, Nunca utilize os termos como: “Ali”, “Lá”.
Se você achar tentador acariciar um cão-guia, lembre-se de que esses cães tem a responsabilidade de guiar uma pessoa que não enxerga. O cão nunca deve ser distraído de seu dever de guia.
Se ela estiver sozinha: Identifique-se ao aproximar-se dela. Nunca empregue brincadeiras como: “Adivinhe quem é?”
Se você estiver em um ambiente com uma pessoa deficiente visual. Nunca deixe uma porta entreaberta. As portas devem estar totalmente abertas ou completamente fechadas. Conservem os corredores livres de obstáculos. Avise-a se as mobílias forem mudadas de lugar.
Se você for a um lugar desconhecido para a pessoa deficiente visual, diga-lhe, muito discretamente, onde as coisas estão distribuídas no ambiente e quais são as pessoas presentes.
Se você apresentá-la a alguém, faça com que ela fique de frente para a pessoa apresentada, impedindo com que a pessoa cega estenda a mão, por exemplo, para o lado contrário em que se encontra essa pessoa.
Se você conversar com uma pessoa deficiente visual, fale sempre em tom moderado e dirija-se diretamente a ela. Utilize naturalmente os termos: “Ver e Cego” sem constrangimentos.
Se você afastar-se do deficiente visual, avise-a, para que não fique falando sozinha.
Se você estiver com ela durante a refeição, pergunte se ela quer auxílio para cortar a carne, o frango ou para adoçar o café, e explique a posição dos alimentos no prato.
Se você observar aspectos inadequados quanto à sua aparência, não tenha receio em avisá-la discretamente sobre sua roupa (meias trocadas, roupas pelo avesso, zíper aberto, etc).
Se você necessita ajudar uma pessoa cega a fazer uso do banheiro, procure ser natural, pois ir ao banheiro não é coisa do outro mundo. Num local público, por exemplo, procure descrever os equipamentos presentes no ambiente. Veja antes se o local a ser utilizado está limpo e diga-lhe onde estão o rolo de papel higiênico e o sexto.
Se possível ou em caso de necessidade, espere por ele e leve-o a pia para lavar as mãos e informe a ele a localização de toalhas e/ou secadores de mãos.
Se a pessoa deficiente for do sexo oposto, procure alguém de mesmo sexo que possa ajudá-lo, aja com naturalidade, pois ele ou ela procurará agir assim também.
Não é necessário a super proteção, mas simplesmente facilitar a vida do deficiente visual.
Fontes de pesquisa: (Cartilha Barueri) Sociedade Pestalozzi de São Paulo; Texto: (Projeto de inclusão de crianças e adolescentes com deficiência em egjs do Mun. de São Paulo); Manual: (como se relacionar com um cego) adevipar – Associação dos Deficientes Visuais do Paraná; Conviva com a diferença: (Carlos Aparício Clemente) (folheto) o que você pode fazer quando encontrar uma pessoa cega – Fundação Dorina Nowill para Cegos; Entrando em contato com a pessoa surdocega (Grupo Brasil de Apoio ao surdocego e ao múltiplo deficiente sensorial); www.entreamigos.com.br/textos.

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