EDUCAÇÃO NÃO SEXISTA

O Blog Visão Inclusiva apóia a promoção da mulher, sua igualdade de oportunidade e de direito, no qual todos e todas devemos visar exclusivamente a erradicação do preconceito e a exclusão social.

Aguinaldo Dátola
Educador

EDUCAÇÃO NÃO SEXISTA

EDUCAÇÃO NÃO-SEXISTA é uma educação que busca promover a igualdade entre homens e mulheres. É necessário implementar novas idéias e valores que não reforcem a concepção de um mundo masculino superior ao feminino; que não limitem a capacidade e autonomia feminina; mas que ao contrário, estabeleçam condições de igualdade de oportunidades para ambos os sexos. O modelo que nos apresentam é de um mundo formado por homens e dirigido por eles. A mulher é apresentada como um apêndice, um ser quase imperceptível apenas coadjuvante na construção da sociedade. Transformar esse modelo exige determinação, atenção e disposição. Para se combater esta educação sexista deve-se evitar grupos por sexo, fazer leituras críticas dos livros didáticos a partir da perspectiva de gênero, analisar a realidade da sociedade brasileira e a importância da mulher nessa sociedade, acabar com os estereótipos que enclausuram homens e mulheres em mundos divididos e rígidos padrões de comportamento. Precisamos refletir também sobre gênero em nossas práticas e instituições sociais.

Outro aspecto na minha opinião é o conhecimento que temos e o que podemos ter acerca dos atores principais na tarefa educativa. Refiro-me aos e às docentes. O magistério, isto é, as professoras e os professores têm tido um papel destacado em lutas históricas, das quais temos obtido grandes conquistas. No entanto, ainda é pequeno o trabalho desenvolvido sob a perspectiva de gênero para potencializar a educação como um verdadeiro instrumento de democracia e equidade para o futuro que desejamos. Só assim a escola poderá certamente contribuir para uma maior igualdade entre homens e mulheres no conjunto da sociedade, à medida que caminhar na direção de uma educação não-sexista, que contribua para superação de preconceitos e para a construção de pessoas comprometidas com a igualdade de direitos entre os sexos.

As mulheres assim como as mães e professoras muitas vezes reproduzem o machismo e as idéias dominantes na sociedade, que pregam a suposta inferioridade das mulheres em relação aos homens. Não podemos nos esquecer de que as idéias dominantes na sociedade são dominantes justamente porque estão na cabeça da maioria dos homens e das mulheres também. Essas idéias são repetidas à exaustão na família, na escola, nas igrejas, nos meios de comunicação, e não é de se estranhar que muitas mulheres se convençam delas. Mulheres que pensam diferente, principalmente as que se organizam nos movimentos de mulheres, têm que ter muita coragem para expor suas idéias, porque os que pensam como a maioria faz de tudo para ridicularizá-las e diminuir a importância do que estão dizendo.

Considerando-se que somos educadas (os) d esde pequenas (os) para representar papéis criados social e culturalmente e com os quais estamos tão acostumadas (os) que até parecem “naturais”, vemos que é na família, na escola e no resto de nossas vidas que aprendemos e incorporamos estes papéis sociais. Assim, meninos e meninas são educados de forma diferente e nesta educação diferenciada vamos encontrar uma das bases para a atual submissão da mulher.

Relaciono a seguir algumas propostas para eliminar no seio da família e da escola a educação sexista:

Na Família

I – O modelo é fundamental: se a criança presencia todo o tempo à desigualdade entre o homem e a mulher em casa, as atitudes educativas terão um resultado bem menor. Mas não desista, qualquer atitude é melhor que nada.
II – No geral, tente se aproximar da criança pelo que ela é, e não pelo que você deseja ou imagina que ela seja.
III – Reforce a solidariedade entre meninos e meninas através de uma divisão de tarefas variadas e sem rigidez.
IV – Valorize o trabalho doméstico como uma necessidade de todos (as) para uma convivência saudável e sem exploração de um sobre o (a) outro (a).
V – Possibilite todos os tipos de brinquedos as meninas, sem negar as bonecas e utensílios domésticos. De igual forma possibilite bonecas (os), casinhas aos meninos. Todos os brinquedos atuam como facilitadores para o desenvolvimento de papéis na vida futura: é importante o menino lidar com bonecas (criança) e a menina com carrinhos (estar fora de casa, senso de direção para ser motorista), etc.
VI – Não entre em pânico se seu filho ou filha aparecer com algum acessório considerado “do outro sexo”. A identidade sexual não se mede por um brinco, botina ou cabelo comprido. Tudo é questão de costume cultural.

Na Escola

I – Elimine sumariamente divisões por gênero (meninas e meninos); existem muitas maneiras criativas de se organizar filas e grupos de atividades. Facilite às meninas atividades de movimentos na hora do recreio; na educação física, caso não consiga mesclar meninos e meninas, ao menos estimule pontos de contato em jogos grupais. Melhora o relacionamento entre eles (as) reforça o lado prazeroso do esporte e aumenta a disponibilidade de utilizar o corpo para as meninas.
II – A lista de chamadas deve ser por ordem alfabética. É mais fácil e justo.
III – Faça uma leitura crítica dos manuais sempre que estiver utilizando-os: qual o papel das mulheres; se as mulheres ativas profissional e politicamente aparecem ali como as cientistas que realizaram descoberta e as atletas que bateram recordes.
IV – Solicite ajuda em classe sem distinção de gênero.
V – Atue sobre as relações entre meninos e meninas. A sua passividade reforça o estereótipo. A sua aprovação ou negação terá valor para elas (es) e cabe ao professor (a) propor alternativas.
VI – Estimule outros valores nas meninas como a inteligência, coragem e espírito científico. Nos meninos apóie o valor de organização, afetividade e sensibilidade artística. Na adolescência redobre os cuidados. – Evite piada ou crítica às crianças baseadas no seu gênero, por exemplo: “você parece uma mulherzinha tagarela”, aos meninos, ou “corre feito menino”, a uma menina. Além de humilhar o ego infantil ou juvenil ainda reforça as características negativas do gênero oposto.
VII – Professor (a) pode brincar e jogar com meninos e meninas sem distinção. Lembre-se a prática é sempre mais forte do que o discurso.

Elaine Barros Cunha
Pedagoga e Assessora Técnica

Fonte: Conselho Estadual da Mulher-SP

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